Wednesday, November 25, 2009

Porque eu não posso ver as fotos agora. (frase da filha de Harold Edwing Land, fundador da Polaroid)

É sintomático que a idéia de uma fotografia para ser vista "na hora" tenha sido desenvolvida a partir do desejo de uma criança. Há mesmo algo de mágico na Polaroid, que exerce sobre nós um fascínio quase infantil. Não há quem possa ficar indiferente àquele pedaço de papel que a câmera ‘cospe’, em cuja superfície uma imagem vai pouco a pouco emergindo do nada e ganhando contornos. Logo podemos ver como "saímos" ou como tudo "saiu" na foto, sem a incômoda espera pela revelação e ampliação de um filme convencional. O desejo infantil tem pressa para ser realizado. E com a polaroid, ele é prontamente correspondido. É claro que algo assim chamaria a atenção de artistas, atraídos, como as crianças, pelo engenho e pela engenhoca - sendo a mais famosa delas, a Polaroid SX70. Tudo nela é fetiche e encanto, do objeto achatado que se abre como uma caixinha de surpresas ao resultado final, passando, não nos esqueçamos, pelo ruído característico do “tiro” disparado. Desde sua criação, muitos fizeram rabiscos e intervenções gráficas sobre as imagens da Polaroid, outros preferiram ampliá-las ou reprocessá-las de diversas maneiras. Outros, ainda, simplesmente optaram por explorá-la "tal como ela é", investindo em suas possibilidades e particularidades de textura, cor, profundidade, nitidez ou durabilidade. Ela tornou-se de certa forma “pop”, como filmes em super-8, banalizou-se, mas também notabilizou-se.Hoje, a Polaroid é uma espécie de relíquia moderna do século 20. O que ela fazia, as tecnologias digitais podem fazer com os pés nas costas. Mas será que podem mesmo? Não creio que haja nenhum encanto tão especial nos processos digitais. Parecem excessivamente fáceis, instantâneos, imateriais. A eles, apenas ficamos gratos pela eficiência tecnológica. O que poderia, portanto, ser apenas mais uma tecnologia superada e esquecida, continua despertando interesse entre artistas e fotógrafos. É o caso desse coletivo.

Lenora de Barros

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