Friday, November 5, 2010
NOVO ENDEREÇO
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Tuesday, October 5, 2010
prêmio portoseguro de fotografia
Friday, August 20, 2010
Thursday, August 19, 2010
Thursday, April 29, 2010
Wednesday, April 28, 2010
Monday, April 26, 2010
Eder Chiodetto - Colaboração para a Folha
A ideia de suprimir o tempo entre o click e a cópia fotográfica, aplacando a ansiedade por ver o resultado, foi o primeiro fator a fazer das câmeras instantâneas um sucesso. Mas não só. No mundo dominado por câmeras digitais a velocidade de tartaruga das Polaroids já não importam nada. Este bem vindo regresso dela ao mercado visa suprir outras questões.
A estética da Polaroid é fundada no erro. Contra a mega definição da imagem propiciada pela combinação de milhões de pixels, ela oferece uma imagem sem muita nitidez, com foco precário, cores distorcidas e esmaecidas que continuam se alterando no tempo quando expostas a luz. E, pior, essa geringonça que para as novas gerações é algo tão retrô como convidar alguém para jogar Genius ou tomar uma Crush, sequer gera uma matriz que possa gerar novas cópias. Uma Polaroid é única.
Tamanha imprecisão, no entanto, é o que de fato atrai fãs no mundo inteiro entre fotógrafos profissionais e amadores, da mesma forma que atraiu artistas como Andy Warhol, Robert Frank, David Hockney, Robert Mapplethorpe e Ansel Adams, por exemplo, que terão algumas de suas “polas” levadas a leilão pela Sotheby’s, em Nova York, em junho deste ano. Comenta-se que as cifras obtidas serão monumentais.
O fato é que a imagem errática propiciada pelas Polaroids atenta contra a ideia de um real absoluto na fotografia. Zomba com a crença que devotamos à faculdade do olhar. Nada é o que parece ser, nos diz a imagem que é cuspida pela câmera após um bizarro grunhido mecânico.
É isso! A imagem da Polaroid injeta lirismo, atmosfera de sonho e memória onde a fotografia tradicional geralmente prega a mimese e o apego à representação perfeita do referente. Suas imagens são menos a representação do “isto foi”, como escreveu Roland Barthes, e mais um “isto poderia ser”. Ela não denuncia uma presença, apenas tateia uma possibilidade. Não é uma certeza, mas um apontamento, como um desenho em rascunho. Uma forma de ver o mundo restaurando uma poética não mensurável a olho nu.
Nesses tempos de precisão tecnológica e velocidade de transmissão de dados, o retorno da Polaroid representa uma visita nostálgica e necessária a um tempo mais dilatado e menos assertivo de apreensão do visível. Fotografia bossa nova.